Uma subida demasiado difícil que até tem uma Cruz dos Mortos

Albergue ia sendo palco de um conflito internacional

T4: E11 – Ponte de Lima>>Rubiães

Como cheguei muito cedo ontem, aproveitei para dar uma volta por Ponte de Lima, uma cidade muito interessante. Estava lá a decorrer o Festival Internacional de Jardins, que não tinham nada a ver com o que tenho encontrado pelo caminho.

Mas, na vertente das escolas, algumas das propostas apresentadas pelos miúdos tinham jardins que rivalizavam com o que tenho visto nesta etapa.

 

 

O albergue da cidade tinha disponível uma série de dados referentes ao ano passado. Curiosamente, o país com mais pernoitas era a Alemanha, seguindo-se Portugal e depois a Itália. A média das idades foi de 46 anos, para os homens, e 42, para as mulheres, com o peregrino mais novo a ter menos de um ano e o mais velho 84 anos.

Mas este albergue ia sendo palco de um conflito internacional. Às dez da noite, quando já estava tudo em silêncio e praticamente a dormir, entrou um grupo que, para evitar ferir suscetibilidades direi apenas que é de outro país da Península Ibérica, e incomodou toda a gente a falar alto. Pior ainda, antes das seis da manhã, o mesmo falatório, abrem as luzes do teto, os estrangeiros que queriam dormir vão e apagam-nas, eles abrem-nas outra vez e eu fui saindo, esperando que a CMTV não tenha aparecido…

 

 

Entretanto, o Caminho era lindo. Tudo continua verdejante e, quem anda nestas coisas, sabe que existe a mítica serra da Labruja, que tem fama de ter umas subidas valentes, fisicamente muito exigentes.

E merece a fama que tem. Em cerca de 3 quilómetros sobe-se duros 400m (como disse uma peregrina brasileira “nunca mais me vou esquecer daquelas pedras”). É que não é só o declive, mas também a aspereza pedregosa e irregular dos trilhos.

 

 

Um dos pontos quentes é a cruz dos mortos, onde a população da Labruja fez uma emboscada aos retardatários do exército de Napoleão na invasão de 1809. Para finalizar, a descida também não é fácil.

Depois desta prova, toda a gente se encontra no primeiro sítio que aparece para descansar. No caso, um restaurante informal, tipo rulote, com bebidas e de onde saía um cheirinho a frango de churrasco. Cheguei a contar uma dezena de peregrinos cansados, entre os quais uma alemã que fazia hoje 79 anos e que murmurava “too hard, too hard”. Outro dizia que já tinha parado ali há dois anos, mas na altura chovia. E fazer a subida a chover deve ser de gritos…

Enfim, depois da Labruja, terminar os 19,5 quilómetros de hoje até não custou muito.

 

 

 

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