Com a Noa e o Bruno, a inclusão escuta-se com o coração

O livro, que é editado pela Cordel d’Prata, tem 50 páginas e está à venda na Wook, FNAC e Bertrand, custando 14 euros

O gosto já lá estava há muito tempo e foi como juntar o útil ao agradável. Cláudia Carrilho sempre foi leitora de histórias infantis, mas, a certa altura, percebeu que havia uma lacuna: incluir, nesses livros, personagens com alguma deficiência. Com um irmão com uma doença rara, uma história real passou (em parte) para a ficção. E assim nasceu “Noa e a Aventura de escutar com o coração”.

O livro foi lançado em Agosto do ano passado por Cláudia Carrilho, de 32 anos, que conta, na primeira pessoa, como é que surgiu a ideia.
«Era algo que me vinha a acompanhar há muito tempo. Houve um dia em que pensei que tinha mesmo de pegar num papel e começar a escrever», diz.

O clique surgiu já em contexto profissional. Cláudia Carrilho trabalha na Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo há quase nove anos e foi, durante três, coordenadora do projeto CLDS (Contratos Locais de Desenvolvimento Social) Dignitate de Vila do Bispo.

«Uma das atividades que tínhamos era ir às escolas, sejam infantários ou do primeiro ciclo, e passar uma mensagem de inclusão e cidadania. Quando comecei a ir às salas dos meninos, deu-se o clique e dei-me conta da lacuna: havia escolas que não tinham um único livro que incluísse personagens com deficiência», conta.

Estávamos em 2022 e a história pessoal de Cláudia acabou por dar o mote para o livro. É que as personagens principais existem mesmo na vida da autora.

«O Bruno é meu irmão, tem 26 anos e uma doença rara, denominada Distrofia Neuromuscular Duchenne. Já a Noa é minha prima e o livro conta um pouco a relação deles e a forma como eu olho para ambos», confessa.

Esta é, por isso, uma história ficcionada, com personagens reais. «As aventuras que eu conto não aconteceram», realça, entre risos.

«O meu objetivo é que as personagens passem uma mensagem de inclusão aos mais pequeninos até pelo facto de haver uma personagem principal que se desloca em cadeira de rodas, mas acompanha a Noa em toda a aventura, mostrando que as limitações estão muitas vezes só nas nossas cabeças», diz.

O facto de esta ser uma história que diz muito à autora só tornou «mais motivador» escrever o livro.

Lançado há cerca de um ano, Cláudia Carrilho tem sentido uma grande aceitação por parte dos leitores.

«Felizmente, a obra está a ser muito acarinhada pelas pessoas, pelo menos aqui no concelho que é onde tenho logo aquele feedback imediato. Vêm ter comigo e acham interessante eu ter pegado numa história real e transformá-la numa forma de chegar aos mais pequeninos», conta.

Além disso, Cláudia Carrilho tem sido também convidada para ir a algumas escolas apresentar o livro. É aí que a jovem percebe como «as crianças são muito recetivas».

«Basta só trabalharmos os temas. Sinto que a sementinha tem ficado: o interessante agora é que as escolas também peguem na questão da inclusão e a continuem a desenvolver».

Ir conciliando a escrita do livro com o trabalho na Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo, onde atualmente desempenha as funções de animadora sociocultural no Lar de Sagres, foi «relativamente fácil», garante Cláudia Carrilho.

«Como eu já trabalho na área social, estas temáticas acabam por ser o meu dia a dia e o meu olhar já está desperto tanto pelo lado pessoal, como profissional. Então, acaba tudo por se conjugar e por andar entrelaçado», diz.

É também por isso que Cláudia Carrilho não quer deixar “morrer” as histórias do Bruno e da Noa.

«Tenho a vontade de escrever mais um livro: estas questões precisam de ser trabalhadas e quero dar continuidade às aventuras da Noa e do Bruno dentro deste mundo da inclusão», conclui.

O livro, que é editado pela Cordel d’Prata, tem 50 páginas e está à venda na Wook, FNAC e Bertrand, custando 14 euros.

 

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